Startup monitora embalagens em tempo real e faz gigantes da indústria economizarem milhões
Indústria

A Indústria 4.0, também conhecida como a 4ª Revolução Industrial, é tema de debates há anos em congressos e encontros do setor. Apesar disso, os números mostram que ainda é pequena a proporção de empresas que buscam automaticamente integrar processos, conectar dispositivos entre si e analisar os dados obtidos em tempo real, diminuindo custos e aumentando a produtividade. Um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que apenas 1,6% de 759 empresas brasileiras consultadas informou estar já nesta realidade.

Apesar destes números, quem está dentro do mercado de tecnologia discorda que o Brasil esteja qualquer coisa atrás de outros países do mundo. “As startups são grande parceiras da indústria atualmente. Elas conseguem acessar estas tecnologias e empregá-las de forma útil para as empresas. E se antes isso custava milhões, hoje está mais acessível”, afirma Rogério Junqueira, CEO da Reciclapac, startup residente do Cubo Itaú, espaço de empreendedorismo e inovação do banco e da Redpoint eventures em São Paulo, e que desenvolveu um dispositivo e uma plataforma que têm forte apelo no setor industrial: monitoramento e gestão de embalagens inteligentes.

Junqueira tem 28 anos de indústria automobilística em seu currículo. Foi durante um projeto quando ainda trabalhava na General Motors (GM), em 2012, que ele percebeu como havia um desperdício de material e de tempo. O projeto em questão trabalhava com o que as montadoras chamam de CKD – Completely Knock-Down, quando kits de peças dos automóveis são enviados dos fornecedores para as montadoras em caixas.

No ano seguinte, 2013, Junqueira saiu da GM e sentiu que sua trajetória dentro da indústria estava cumprida. Decidiu empreender e fez da sua percepção dentro da montadora seu novo negócio, que surgiu já pensando em atender grandes clientes do setor automotivo. “Isso não é fácil, porque são fornecedores gigantes”, lembra.

Atualmente, a Reciclapac possui entre seus clientes montadoras como GM e Nissan, a fabricante de veículos pesados agrícolas Case New-Holland (CNH), e a Cebrace, líder no segmento de vidros planos.

Como funciona o monitoramento da Reciclapac

Mas, afinal, como funciona? Trata-se de uma plataforma de Internet das Coisas (IoT, em inglês), em que um dispositivo instalado nas embalagens se comunica via antenas, pela nuvem, com a plataforma instalada em um computador.

A tecnologia utilizada é francesa, a SigFox, que já está presente em 60 países. Trata-se de um sistema de antenas menos complexo que o utilizado pelos celulares e mais fácil de ser controlado, pois o operador pode delimitar os pontos de controle, por exemplo entre um fornecedor e uma montadora.

Junqueira explica que a indústria automobilística possui suas regras de logísticas. A GM, inclusive, colaborou com a Reciclapac quando estavam desenvolvendo o sistema, colocando quais eram suas necessidades. Um exemplo: o tempo que deve levar o transporte de uma embalagem entre fornecedores e montadoras é pré-definido. Quando este tempo não é cumprido, muitas vezes as montadoras precisam recorrer ao frete de emergência, tendo de comprar uma nova embalagem, e pagam muito mais caro pelo trecho porque a caixa precisa chegar em um tempo bem reduzido ao destino final.

De acordo com Junqueira, uma grande montadora chega a possuir 400 mil embalagens que ficam circulando entre 300 fornecedores, então é bastante comum que, em algum momento, algo se perca no meio do caminho.

“Já vemos aí uma vantagem. Nossa plataforma é capaz de informar exatamente onde a embalagem está e onde ocorreu o problema no processo, refletindo estas regras de logística”, explica Junqueira

Segundo o CEO, logo de cara as empresas passam a comprar 30% menos embalagens, com grande redução, principalmente, no número de embalagens descartáveis. Além disso, se antes o operador precisava correr atrás de milhares de embalagens ao mesmo tempo, montando planilhas complexas em um processo que poderia levar até 6 horas por dia, agora é possível identificar o problema pontual e resolver em questão de minutos.

Confira a matéria completa na íntegra: Gazeta do Povo