Período para inclusão da ‘Lupa’ termina no dia 22 de abril
O GLOBO – A inclusão do selo nutricional nos rótulos dos alimentos, com informações sobre gordura saturada, açúcar adicionado e sódio, modificou os hábitos de compra da economista Daniele Bifoni e de milhares de outros brasileiros. A mudança se deu pela estratégia de identificação de produtos com alto teor de açúcar. No entanto, o processo, inicialmente previsto até outubro deste ano, foi encurtado por uma decisão judicial, e deve terminar em 22 de abril.
— Eu sempre levo em consideração e realmente diminuí bastante a compra de produtos com esse alto teor de açúcar, por exemplo. Diminuí bastante bebida láctea, os doces para as crianças, o chocolate, que às vezes você acha que não tem tanto açúcar. Para gente foi bem importante. E, realmente, por ter aumentado o tamanho desse rótulo, é mais fácil de ver, aí você já fica mais atento —, comentou à CBN.
A engenheira Ana Paula Weitzel, mãe de um bebê, também passou a analisar os rótulos com selo nutricional com mais cautela, especialmente em relação ao teor de açúcar e gordura ao oferecer alimentos ao filho.
— Eu tenho um bebê de oito meses, então acaba que a gente fica mais consciente em relação ao teor de açúcar, de gordura. Já é difícil ficar oferecendo qualquer tipo de alimento para um bebê, mas quando você tem esse tipo de informação, fica mais alerta —, conta.
Laís Amaral, coordenadora do programa de Alimentação Saudável do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, enfatizou, à reportagem da CBN, sobre a importância e utilidade do selo nutricional, que alerta sobre nutrientes prejudiciais à saúde.
— A lupa, que é esse rótulo frontal, traz informação sobre a quantidade excessiva de sódio, açúcar adicionado e gorduras saturadas. Ela traduz uma informação que a gente tinha antes na tabela de informação nutricional, mas que nem sempre é tão fácil de compreender em relação aos conteúdos excessivos de nutrientes que são prejudiciais à saúde. Ter essa informação traduzida é bastante positivo para o consumidor. É um aviso para que ele possa escolher melhor o alimento —, explica.
Uma dieta balanceada deve ser ainda mais regrada, por exemplo, no caso de pessoas com doenças crônicas. É o caso da Odete Diniz. Só que a dona de casa, que frequenta o supermercado mais de uma vez por semana, só descobriu a novidade nos rótulos ao ser entrevistada pela CBN:
— Eu compro vários produtos, mas nunca atinei para olhar se tinha essa lupinha ou se não tinha, nem sei para que serve. É tão importante, mas nem eu, que estou pré-diabética e deveria estar mais atenta, fiquei sabendo. Realmente passou despercebido, mas pode deixar que agora eu vou olhar —, contou Odete.
Produção de embalagens volta a crescer após dois anos e deve seguir alta em 2024
O presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos, João Dornellas, relatou à CBN que as empresas iniciaram a adaptação nos rótulos dos produtos com selo nutricional antes da determinação da Anvisa. Ele também destacou que a entidade forneceu orientações às empresas e desenvolveu uma plataforma online para os consumidores.
— As indústrias de alimentos começaram a se preparar desde a publicação da norma. Foram anos de discussão com a Anvisa, com os ministérios, e depois da publicação das novas regras, nós também fizemos uma série de treinamentos para as indústrias e criamos também uma plataforma educativa para os consumidores, no site ‘Olho na Lupa’, que tem o objetivo de ajudar as pessoas na leitura e na compreensão dos novos rótulos —, explica.
Grandes empresas devem incluir os selos até outubro deste ano e os pequenos produtores têm prazo até a mesma data. Já fabricantes de produtos com embalagens retornáveis, como refrigerantes, têm um prazo estendido até outubro de 2025.