Fusão bilionária no varejo pode levar a preços mais baixos, ampliação de lojas e crescimento econômico na região
A recente aquisição do Novo Atacarejo pelo Grupo Mateus promete movimentar o varejo do Nordeste. A fusão das duas redes foi aprovada sem restrições pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), resultando em um grupo com faturamento estimado em mais de R$ 10 bilhões por ano. Mas o que essa união significa para os consumidores e para a economia regional?
A compra do Novo Atacarejo pelo Grupo Mateus foi anunciada em dezembro e faz parte da estratégia de expansão da companhia no Nordeste. O acordo envolve a incorporação de 30 lojas do Novo Atacarejo em Pernambuco e Paraíba, além da integração de cinco centros de distribuição. Com isso, o Grupo Mateus fortalece sua presença na região, consolidando-se como um dos maiores players do setor.
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A operação foi aprovada pelo Cade sem restrições, o que significa que não foram identificados riscos à concorrência no mercado. A fusão deve gerar sinergias operacionais significativas, como otimização de custos e logística mais eficiente, proporcionando maior competitividade à empresa.
Mas será que essa aquisição pode influenciar novos investimentos no nordeste? De acordo com o Analista CNPI, Gabriel Duarte, a situação vai além disso:
“Eu não acho que essa fusão, por si só, seja um grande incentivo para outras empresas investirem no Nordeste. Pode ser um sinal de que o mercado está aquecido, mas, se a gente parar pra pensar, o Grupo Mateus já é do Norte, do Maranhão. Eles estão expandindo para o Nordeste, mas é uma região onde já têm experiência, conhecem o mercado. É muito diferente, por exemplo, de saírem do Maranhão e irem para São Paulo, onde o nível de concorrência e o perfil do consumidor são outros. Agora, sobre atrair novas redes, o que realmente faz diferença é o ambiente econômico. Se o governo oferece incentivos, reduz impostos, desburocratiza processos, aí sim a tendência é de mais empresas virem. Mas essa aquisição, especificamente, não muda o jogo por si só. Claro que, estrategicamente, é um ótimo movimento para o Grupo Mateus e, para o estado, pode ser positivo com geração de empregos e mais opções para os consumidores. Mas, olhando a curto prazo, não acho que isso, por si só, vá transformar o mercado nordestino.”
Mais lojas e preços competitivos
Com a fusão, o Grupo Mateus integrará 30 unidades do Novo Atacarejo e suas operações em Pernambuco e Paraíba às 22 lojas já existentes da rede em Pernambuco, Alagoas e Paraíba. Além disso, cinco centros de distribuição serão combinados para otimizar a logística. A expectativa é que a união das operações resulte em preços mais competitivos, devido ao aumento do poder de compra e eficiência logística da empresa. Outra consequência positiva deve ser a criação de novos empregos diretos e indiretos na região.
O Grupo Mateus, fundado no Maranhão, já tem experiência em crescer em mercados do Norte e Nordeste, onde a concorrência com grandes redes nacionais é menor. Isso dá à empresa a oportunidade de se consolidar como uma das principais forças do varejo alimentar na região.
O que muda para os consumidores?
Para os clientes, a fusão pode trazer benefícios como:
Mais variedade de produtos: Com o aumento da estrutura, a rede pode ampliar seu portfólio de produtos.
Preços mais baixos: A compra em grande escala reduz custos, o que pode ser repassado ao consumidor.
Melhoria na logística e abastecimento: Com a integração dos centros de distribuição, os produtos devem chegar às lojas com mais rapidez e eficiência.
No entanto, há preocupações sobre o impacto da fusão em pequenos comerciantes e supermercados locais. De acordo com o analista Gabriel, existem duas consequências:
“Esse tipo de movimentação sempre tem dois lados. O impacto pode ser negativo porque um grupo grande tem poder de compra muito maior, consegue negociar preços melhores e vender mais barato. Isso pode prejudicar pequenos mercados, especialmente aqueles que estão bem próximos das novas unidades.
Por outro lado, também pode ser positivo. Pequenos comerciantes que compram no atacado podem se beneficiar, porque o Grupo Mateus consegue preços mais competitivos, então eles podem revender com uma margem melhor. Além disso, essa fusão acirra a concorrência com redes como Assaí e Atacadão, o que pode equilibrar os preços no setor.
Outro ponto é que o Grupo Mateus provavelmente não vai abrir lojas em cidades muito pequenas, então comerciantes desses locais podem aproveitar para comprar mercadorias mais baratas e revender. Então, no fim das contas, depende muito de onde o comerciante está e de como ele se adapta a essa nova realidade.”