Por Daniel Speicys* – A embalagem sempre foi o primeiro contato físico entre o consumidor e um produto. Mas, graças à evolução das novas tecnologias e a crescente valorização da experiência, ela passou a ocupar um papel muito mais estratégico: o de elo inteligente entre marcas e pessoas.
Não à toa, um estudo recente realizado pela SharpEnd em parceria com a Fedrigoni com mais de mil executivos de marcas globais dos setores de bebidas, saúde, bem-estar e bens de consumo embalados (CPG), revelou que 96% consideram a embalagem conectada um componente importante da sua estratégia de marketing. Esse dado sintetiza uma transformação silenciosa, porém poderosa, em curso no setor: a da embalagem como plataforma interativa.
Tecnologias como QR Codes dinâmicos, NFC, realidade aumentada e impressão digital de alta definição vêm permitindo que a embalagem vá além da estética ou da proteção do conteúdo. Ela passa a ser uma extensão da jornada de compra — validando a autenticidade do produto, oferecendo recompensas para o cliente e até abrindo canais de atendimento.
Mais do que inovação tecnológica, trata-se de inovação relacional. Em tempos de desinformação e falsificação, especialmente em categorias sensíveis, como suplementos alimentares ou cosméticos, os consumidores valorizam marcas que oferecem rastreabilidade e transparência. Com um simples toque no celular, é possível conferir procedência, verificar se um produto foi violado ou mesmo descobrir seu impacto ambiental — tudo isso a partir da própria embalagem.
Do ponto de vista das empresas, essas soluções não apenas agregam valor à percepção de marca, mas também ampliam a capacidade de mensuração e personalização. Cada interação pode gerar dados sobre preferências e hábitos de consumo, criando um ciclo virtuoso entre inteligência de mercado e experiência do cliente.
Além disso, há um componente emocional. Embalagens interativas têm o poder de surpreender, provocar curiosidade e estreitar laços entre marca e consumidor. A personalização em escala, por exemplo, permite campanhas que transformam embalagens em veículos de expressão individual, seja por meio de nomes, mensagens ou conteúdos contextualizados.
Neste novo cenário, pensar em embalagem é pensar em experiência, conexão e propósito. Marcas que entendem isso estão na dianteira de um movimento que transforma um simples invólucro em um ativo estratégico de relacionamento e diferenciação.
A embalagem inteligente não é mais tendência, é uma realidade. E quem souber integrá-la com inteligência e sensibilidade à sua estratégia de marca terá um lugar privilegiado na mente e, sobretudo, no coração dos consumidores.
*É gerente-geral na Loja da Lata, unidade de negócios digitais da Brasilata.