A B4Logic, spinf-off da Universidade do Minho, criou uma solução biodegradável à base de amido que permite substituir o plástico como matéria-prima no fabrico de embalagens. Segundo João Bessa, um dos investigadores e acionista da nova empresa, o biomaterial pode ser utilizado em embalagens de diversos setores, como indústria alimentar, agrícola, cosmética ou automóvel. Numa altura em que os produtos de plástico de uso único estão a ser eliminados da economia e se procura exaustivamente um substituto deste polímero de petróleo, a B4Logic tem ao dispor do mercado um produto que afirma ser eficaz, sustentável e circular. A potencialidade deste biomaterial despertou o interesse dentro e fora de portas.
Como explica João Bessa, os copos, pratos e talheres dos festivais de verão podem agora ser totalmente biodegradáveis, garantindo uma maior sustentabilidade dos eventos. É que, por exemplo, a reciclagem dos copos em cartão esbarra com a película de plástico que os envolve. No caso da solução da B4Logic, a embalagem é naturalmente decomposta por ação de micro-organismos, como fungos, bactérias e algas. Em condições de compostagem controlada demora cerca de um ano a ser integrada na natureza. O investigador adianta que pode também ser utilizada na produção de componentes de automóvel, de invólucros de cosméticos e envolver alimentos. Neste caso, e para garantir a segurança alimentar, já foram realizados testes toxicológicos.
Esta inovação despertou o interesse do grupo português MSTN, que logo na criação da empresa, em 2021, adquiriu 50% do capital, tornando-se o parceiro industrial e financeiro da spin-off. Os restantes 50% estão distribuídos em partes iguais pelos quatro ideólogos do projeto: João Bessa, Raul Fangueiro, Fernando Cunha e Carlos Mota. E também chamou a atenção dos mercados externos. Já este ano, a B4Logic marcou presença na feira PLMA – World of Private Label, em Amesterdão, tendo o stand atraído um grande número de visitas, que se concretizaram em contactos com clientes da Alemanha, Turquia, França, Brasil, Reino Unido e Itália, revela. Em Portugal, a empresa está também a responder a várias solicitações.
A solução biodegradável da B4Logic permite ainda criar embalagens customizadas, integrando resíduos industriais do cliente. Por exemplo, os produtores de café podem ter uma embalagem fabricada com o biomaterial da spin-off de Vagos com incorporação do subproduto da sua indústria. Para João Bessa, esta possibilidade garante uma economia mais circular e, em simultâneo, a marca (de café ou outra) pode contar uma história à volta da embalagem e do seu produto. O conhecimento gerado na academia garante ainda a incorporação de resíduos orgânicos, como madeira, fibras naturais e cortiça, e inorgânicos, de que são exemplo a ardósia, o calcário e o mármore.
O projeto empresarial está numa “evolução bastante significativa”, afirma o investigador. Atualmente, o foco é na projeção da empresa e lançamento do produto no mercado. A capacidade de fabrico será aumentada de acordo com a solicitação dos clientes, sendo que a MPlastic, participada do grupo MSTN especializada na produção de embalagens de plástico, pode dar resposta, assim como unidades de terceiros. “Está prevista a aquisição de mais capacidade tecnológica, mas também temos parceiros de que nos podemos socorrer para fornecer a uma maior escala”, diz. Neste momento, João Bessa não avança com projeções de vendas.
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